O meu Rodellus está de volta! Sim, é verdade. É tão bom começar esta entrevista com a equipa do Rodellus, edição “à desbrava!”, que até me custa a crer que vai acabar daqui a nada.
No mês que marca o regresso de um dos festivais mais queridos do norte, o palco volta a erguer-se da terra batida e ganha nova força nos dias 24 de Julho, 31 de Julho e 7 de Agosto.
Olá! Como é que vocês estão? Estar de volta ao ofício. É bom dizer isto, não é?
Olá. Estamos bem de saúde e muito atarefados com esta nova edição do Rodellus 2021: à desbrava! É muito bom dizer que estamos de volta ao ofício e quase que estranhamos depois de quase 1 ano e meio sem atividade no que ao Rodellus diz respeito. Agora, já entramos em piloto automático e só queremos que isto aconteça. ?
Como e quando surgiu a ideia de organizar um festival urbano em Ruílhe?
Diríamos que o Rodellus é um festival rural que convida o meio urbano a participar e a viver uma experiência de campo/rural, sendo este meio o público e os artistas que nos visitam. Surgiu no final de 2014, quando alguns de nós (fundadores) em convívio de café, se aperceberam de uma vontade e gosto em comum, dinamizar a freguesia de Ruílhe e fazer um festival de verão e de ROCK! Logo discutimos a ideia com uma associação local (A.C.R.D. de Ruílhe) que abraçou a projeto e nos deu a estrutura necessária para realizar o festival. Depois de um primeiro ano bem-sucedido, decidimos continuar e criamos, de raiz, a Rodellus – Associação Cultural, uma associação juvenil de cariz cultural, desportivo, social e ambiental, que até hoje organiza o Rodellus. Desde cedo tivemos muita força e motivação para fazer isto e temos muito orgulho neste projeto e naquilo em que o Rodellus se tornou.
Com quantas pessoas se constrói o Rodellus?
O Rodellus tem 16 elementos que compõem a organização do festival, mas tem a colaboração de cerca de mais 30 voluntários, provenientes da comunidade, de amigos e conhecidos dos membros da organização. Esses voluntários estendem-se até gentes de Ruílhe de faixas etárias acima da nossa, que reconheceram valor na missão do Rodellus e que, não sendo necessariamente fãs assíduos de festivais de Rock e/ou música alternativa, nos ajudam pelo sentido de comunidade que têm, pelo que aprendem e nos ensinam e pelo trabalho e convívio que muitas vezes resulta em novas amizades. A par disto, temos os parceiros de serviços que resultam em cerca de 20 pessoas. Portanto, ainda são precisas muitas pessoas para construir um Rodellus, em situações normais.
Como é que vocês fazem a seleção das bandas e como é que está a ser adaptarem o festival a todas as regras exigidas?
A seleção das bandas é feita pelos responsáveis pela programação e direção artística, com base em alguns critérios: devem ser bandas que essencialmente se levam a sério (embora seja relativo este ponto); devem ser emergentes e/ou consagradas, de forma a compor um cartaz com artistas novos e outros que atraiam público para o festival; devem ser, em parte, projetos diferenciadores e, de preferência, com trabalho novo para apresentar; tentamos sempre ter uma oferta diversificada centrada no rock e na música alternativa, mas não nos fechamos a géneros ou estilos, estando sempre abertos a novas correntes e, por último, devem ser artistas nacionais e internacionais, de forma a mostrar o que se faz de bom em Portugal e além fronteiras.
Neste ano atípico, optámos por contratar apenas bandas nacionais, porque num ano tão difícil (ainda) para o setor artístico, entendemos que devemos reforçar a nossa missão de apoiar os artistas nacionais e porque temos uma excelente amostra e nova vaga de artistas, que devem ser potenciados e, de alguma forma, mostrados ao nosso público.
Num ano normal, a concorrência dos grandes festivais é algo que vos preocupa?
Não. Os grandes festivais terão sempre o seu público e nós o nosso, que muitas vezes converge, mas não é necessariamente um aspecto negativo. Entendemos que a oferta dos grandes festivais é muito valiosa do ponto de vista de artistas consagrados e na qualidade do que apresentam, quer em termos artísticos quer em termos de produção e de uma experiência mais urbana. Não somos necessariamente afetados pela existência de um grande festival em datas iguais ou próximas à nossa, pois acreditamos que haverá sempre público curioso pelos artistas que apresentamos e pela experiência mais orgânica e intimista que proporcionamos.
Como é que foi organizar o primeiro Rodellus? Têm algum episódio engraçado que possam partilhar connosco?
O primeiro Rodellus foi pisar completamente o desconhecido. O “mundo” dos concertos e da produção era muito novo para nós do ponto de vista de organização e planeamento. Foi uma preparação com muita aprendizagem, trabalho, suor, mas também convívio enquanto, literalmente, desbravamos mato para proporcionar um ambiente confortável e campestre a quem nos visitou. Recordámo-nos e partilhamos alguns episódios engraçados: “pregos no pé” durante a preparação dos espaços mais rurais, mover “a braços” um palco muito pesado de cerca de 12x10m, e vermos simbolizado o nosso logótipo numa colher de pau de padeiro tradicional de que logo viria a fazer parte da nossa mascote do festival, tendo sido até experimentada por artistas que nos visitaram nesse ano e nos seguintes.
O que é que não podemos perder da edição deste ano?
Este ano não podem perder os 6 concertos que estão previstos (David Bruno, Hause Plants, The Twist Connection, Grand Sun, Black Bombaim e Krypto), divididos pelas 3 sessões; os passeios rurais que darão a conhecer um pouco melhor a freguesia de Ruílhe e a experiência rural exclusiva para quem adquiriu os bilhetes limitados, com direito a um Kit Rodellus alusivo à cultura, ambiente e pandemia.
E que amor é este?
É um amor imensurável por Ruílhe, pela música, pelos artistas, pela nossa comunidade e pelas pessoas que anualmente nos visitam, muitas vezes sem saber o que lhes espera. É também um amor pela cultura e pelo ambiente, que são, desde sempre, prioridades para a organização do festival Rodellus. Visitem-nos, pois temos muito deste amor para partilhar convosco.
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Entrevista por: Teresa Montez