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Artolas Fest – Elevar o Arco a capital “não oficial” do Rock

A Artolas- Associação De Cultura E Recreação foi criada em 2014 no Arco de Baúlhe (Cabeceiras De Basto) por um grupo de amigos. Durante a pandemia ganhou nova vida e arrancou mais forte e viva que nunca, com o objetivo de dinamizar toda a zona. O Artolas Fest chega como um sonho que se torna real no dia 29 de junho. 

Quando é que a Associação Artolas nasceu?

O percurso da Artolas só poderia ser peculiar. Na verdade, a associação em si já foi criada há dez anos por um grupo de amigos, mas acabou por não ter seguimento. No final da pandemia e a viver no Arco, eu estava demasiado aborrecida e queria criar uma associação para fazer coisas acontecer. Mas como sou preguiçosa, não quis passar pela burocracia de criar uma. Falei com o meu amigo Vítor Pimenta (fundador) e soube que a Artolas ainda estava ativa, apresentei a lista e a partir foi um percurso difícil até arrancar. Mas arrancou.

De onde vem o nome “Artolas”?

Diz a lenda que o Artolas era um senhor de cartola e pernas muito longas (agora faz sentido o logo?) que aparecia de noite e assustava os Arcoenses que viviam no lugar da Serra. Só os que tinham bebido álcool, curiosamente.

Qual é que sentem que é a vossa missão ou objetivos?

Talvez isto seja demasiado egoísta da minha parte, mas como já o disse, eu estava aborrecida e queria coisas a acontecer no Arco. Queria consumir cultura e não a tinha. E como eu, havia mais pessoas. Sem nos darmos conta, estávamos a começar a lutar pela descentralização da cultura. A oferecer atividades à comunidade que de outra forma não haveria aqui. Jamais imaginei ver aqui uma sala cheia (e que me emocionou) a ouvir poesia da Palestina. Isto no Porto, Lisboa, Guimarães, é só mais uma atividade, mas aqui é realmente uma vitória.

Quais foram os maiores desafios e como sentem que tem sido a resposta da comunidade ao trabalho da Artolas?

Nem sei por onde começar (risos). No início, ninguém nos levava a sério. Perdi a conta aos rótulos que nos puseram. Somos os boémios, demoníacos, o pessoal do rock que come bebés ao pequeno-almoço. É muito difícil quando, num meio pequeno, não nos encaixamos naquela caixa que toda a gente quer que nos encaixemos.

Penso que isso nos dificultou apoios que poderíamos ter tido e que só começaram a surgir no final de 2023. Mas o pessoal começou a ver que estamos a fazer acontecer, e que só faz sentido trabalharmos todos em conjunto pela comunidade. Nada disto seria possível sem o apoio da Junta de Arco de Baúlhe ou a Câmara de Cabeceiras de Basto, ou a AFA (Associação de Festeiros do Arco) que nos empresta sempre coisas que nós não temos; e toda a outra malta que nos ajuda de uma forma ou de outra. É reconfortante e é bonito.

Como surgiu a ideia de organizar um festival de música?

Se há coisa que nós temos sorte aqui no Arco, é que sempre fomos muito ligados à música. Temos a mítica Táscoela que existe há quase 30 anos, que só abre uma vez por ano, durante três dias repletos de concertos. Depois surgiu o Rock in Rua pela AFA, em agosto. Depois surgiu o Poço da Noção dos nossos amigos em Cabeceiras de Basto, a associação Cultura e Noção. Mas tudo se concentra no verão. Nós ainda antes de pensarmos neste festival, já tinhamos começado com pequenos concertos ao longo do ano, precisamente para comaltar essa falha. Criámos a Desconsoada, que são concertos no natal, as Artolas Live Sessions em que já trouxemos O Manipulador, tivemos O Mau Olhado… E começamos a ansiar por mais. O meu irmão, o Pedro (e dj The Dude) é responsável por ter idealizado o Artolas Fest. Começamos a ficar com o bichinho e pensamos: já que começamos a ter experiência nisto dos concertos, só faz todo o sentido arriscarmos.

O que podemos esperar desta primeira edição do Artolas Fest?

Rock! Amigos… e cerveja. Das coisas que eu mais gosto neste tipo de eventos é como isto aproxima as pessoas e como se cria um microcosmos em que nos esquecemos da porcaria que se está a passar no mundo. É isso que queremos, criar essa bolha onde só música e boa disposição imperam.

Como foi o processo de chegarem a estes nomes para o cartaz?

Na verdade, foi muito rápido. Nós andamos sempre em concertos entre Fafe e Porto e temos a sorte de conhecer muita e boa gente da área. Foi só pensar nas bandas que gostamos, entrar em contacto e tratou-se rápido.

Qual é a experiência que querem passar a quem for ao Artolas Fest?

Queremos acima de tudo que se sintam em casa e que aproveitem o dia além dos concertos. A Praia Fluvial do Caneiro é um local muito agradável para desfrutar no verão. Convidamos as pessoas a aparecerem de tarde, darem um mergulho, e aproveitarem o final da tarde com um dj set. Há comida, por isso também podem jantar por lá para ganharem energias para os concertos.

Existem planos para tornar o festival uma tradição anual?

Sim, o objetivo é que se torne uma atividade anual. Temos agora duas dores de cabeça anuais – a Desconsoada e Artolas Fest. Só queremos que tudo corra bem e continuarmos a ser merecedores dos apoios locais. O que penso que seja uma realidade, andamos a pôr o Arco no circuito de concertos. No outro dia, alguém do Porto disse-me que tinha ouvido falar do Artolas Fest e queria ir. Essa pessoa nem sabia que eu era do Arco ou a responsável. Se isto não é promover o turismo e comércio no Arco, então não sei (risos).

Que mensagem querem passar à comunidade com este festival?

A cultura é de todos e para todos!

A pergunta que não cala, QUE AMOR É ESTE?

É um amor maldito.

 

Conversa com Bruna Oliveira, via email – Junho 2024, @queamoreeste

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