Hause Plants é o projeto que explora os sonhos e anseios, mas também o talento de Guilherme Correia (que conhecemos dos fabulosos Ditch Days).
“FILM FOR COLOR PHOTOS EP” é o primeiro ep da banda e foi todo composto pelo Guilherme no quarto dele. É um trabalho que fala da urgência de viver, da rotina e do quotidiano e acima de tudo conseguimos sentir a nostalgia presente em cada canção. Nostalgia essa que abraçamos e nos acompanha ao longo das seis faixas que temos ouvido em loop desde o seu lançamento.
Estivemos à conversa com o Guilherme a propósito não só do lançamento deste ep, mas também sobre a tour e os concertos que vai dar com Hause Plants e sobre as expectativas para o concerto deste sábado na Casa do Capitão ao lado dos Zanibar Aliens pela mão da Where The Music Meets .
Como é que começa a jornada musical de Hause Plants?
Escrever e gravar músicas no meu quarto, mesmo de forma descomprometida, é algo que faço há muito tempo. É como mais gosto de passar o tempo e uma das coisas que me deixa mais tranquilo. Hause Plants começou porque eu tinha muito material parado que queria lançar e, acima de tudo, porque comecei a ter vontade de explorar essas músicas ao vivo e em formato de banda.
Sentiste que estava na hora de tentar algo diferente do que estavas a fazer em Ditch Days, ou que aquilo que estavas a criar não encaixava, ou foi só mesmo vontade de tentar um novo caminho?
Ditch Days é uma banda que envolve três pessoas e o processo sempre foi muito democrático. Para uma música entrar no catálogo de Ditch, é preciso que seja trabalhada e conversada, logo desde o início, por mim, pelo Luís (baixo, voz) e pelo Crespo (teclados). O que andava a criar com Hause Plants era feito só por mim, do início ao fim, e sou eu que componho todos os instrumentos, escrevo as letras e canto. Fazer algo diferente de Ditch Days não foi algo muito pensado, foi só algo influenciado pela força das circunstâncias, por, a certa altura, me ver com um EP já quase fechado e inteiramente composto por mim em mãos.
Qual é a sonoridade dos Hause Plants? Conseguem enquadrá-la num género específico ou podemos afirmar – como já o fizemos – que é uma viagem entre o dream pop e o post punk?
Se tiver de escolher, para mim Hause Plants é indie rock. É o estilo que me é mais querido e o único que acredito não limitar demasiado aquelas que são as possibilidades desta banda. Dizer que é dream pop, post punk, shoegaze, ou outro estilo qualquer do género, muito próprio, seria encaixar a banda dentro de uma categoria demasiado fechada e muito associada a um imaginário e a uma sonoridade específica. Indie rock, no sentido mais lato, é rock independente de guitarras, e é isso que fazemos na nossa base, e é daí que partimos para outras explorações, música a música.
Como é que estão a encarar estes ‘novos’ espétaculos ao vivo? Como é que estão a ser as apresentações e o feedback?
Nós preparamo-nos bastante para estes concertos. O ano passado, em Julho/Agosto, quando ainda não havia nenhuma perspectiva de concertos no horizonte, começámos a ensaiar de forma bastante intensiva, acreditando que, se fossemos atrás das oportunidades, íamos conseguir ter concertos, mesmo tendo em conta todas as adversidades inerentes a esta altura. Felizmente, esse esforço compensou e conseguimos mesmo ter concertos para os quais, por causa desses meses a ensaiar bastante, nos sentimos bastante preparados. Tem sido óptimo regressar aos palcos e ver Hause Plants a funcionar ao vivo. Para mim é assim que esta banda faz mais sentido e, hoje em dia, já não consigo imaginar Hause Plants sem a contribuição do Janny (bateria), do Dani (guitarra) e do Simon (baixo).
Qual a expectativa para este concerto de sabado na casa do capitão com os Zanibar?
Estamos muito entusiasmados porque vai ser o nosso maior concerto de sempre! Como começámos numa altura de pandemia, temos tocado sempre com lotações muito reduzidas. Este novo espaço da Casa do Capitão, chamado Fábrica do Pão, tem capacidade para 300 pessoas, o que é imenso para os moldes a que estamos habituados desde Março de 2020. Os Zanibar Aliens são uma banda incrível, conhecida por dar concertos também eles incríveis, e fazer esta primeira parte será um desafio para o qual estamos muito entusiasmados. Vai ser também o último concerto que damos em Lisboa até ao final do Verão, e queremos dizer um “até já” ao nosso público da melhor forma possível!
O que é que podemos esperar dos Hause Plants para este concerto e para os próximos?
O Janny de tronco nú, o Dani a saltar na “Summer Salt” em modo desporto olímpico, o Simon a tocar baixo no meio da plateia e, com sorte, um shot de tequila em palco com a plateia a acompanhar-nos. E isto só com base em tudo o que tem acontecido nos últimos concertos!
Qual é a importância de plataformas como a Where the Music Meets que para além de divulgar vários novos artistas ainda procura dar um palco para tocarem?
Blogs como a WTMM são importantíssimos para divulgar bandas portuguesas a começar como é o caso de Hause Plants. São plataformas que reúnem um nicho muito específico, muitas vezes os early adopters destas novas bandas, e esse trabalho de juntar no mesmo sítio todas essas pessoas é fundamental para facilitar a ligação entre elas e as novas bandas.
Há alguma banda ou artista com quem gostassem de colaborar?
Sim! Nunca colaborei com ninguém e é algo que gostava muito de fazer no futuro. Acho que é um óptimo mecanismo para chegar a mais público, para expandir a sonoridade da banda e, acima de tudo, ver outros artistas a trabalhar e fazer troca de ideias é a melhor forma de aprender mais e evoluir enquanto músico.
Enquanto músicos, sentem que existe uma espécie de inquietude na criação de novo material e na constante inovação sonora, nesta “nova realidade”?
Acho que em todas as realidades essa inquietação existe. Fazer música é um processo algo ingrato, porque é muito comum nunca estarmos satisfeitos com o que está para trás e sentirmos que as músicas que vêm para a frente são sempre as melhores. É preciso encontrar um balanço saudável entre conseguir olhar para trás e compreender o que se fez de certo e errado, e ao mesmo tempo ter a inquietude e a urgência de querer fazer sempre mais músicas, procurar essa inovação sonora que referem, e ter a confiança de que o nosso melhor trabalho ainda está por vir. É essa a minha principal motivação para fazer novas músicas.
O que tens andado a ouvir por estes dias, ou que te tenha inspirado na criação das canções deste EP?
Hoje em dia ando a ouvir imenso Little Simz, Nilufer Yanya, Noname e Phoebe Bridgers. São artistas a solo que fazem uma gestão de carreira incrível, lançam música com uma cadência que faz todo o sentido para os dias de hoje e adoro a música que fazem. A Phoebe Bridgers para mim é o melhor exemplo de como promover e manter um projecto a solo nos dias de hoje, e de como fazer a ponte entre a vertente artística e o lado pessoal – a pessoa por detrás da música -, algo de que nunca se consegue escapar num projecto a solo, ainda para mais quando se assina em nome próprio. Quando estava a compor o ‘Film For Color Photos EP’, andava a ouvir imenso Beach Fossils, New Order, Real Estate, DIIV, Television, The Strokes… Bandas de guitarras com um som alternativo e com um ênfase muito grande na melodia, que é um approach que me diz bastante e que está muito presente nas minhas músicas, muito por influência destas bandas que referi!
A pergunta que nunca falta, Guilherme, Que Amor é Este?
Apanhaste-me desprevenido! Espero que seja o que toda a gente quiser. 🙂
Apanhaste-me desprevenido! Espero que seja o que toda a gente quiser. 🙂
Entrevista com Guilherme Correia a propósito do lançamento do EP de estreia dos Hause Plants e do concerto na Casa do Capitão com a Where The Music Meets. 29-07-2021
@queamoreeste 2021