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À conversa com Raiva Rosa

Começo esta rubrica com os Raiva Rosaaquela banda de Bragança! – aquela banda que me leva até ao cenário da série da RTP, “Os Filhos do Rock”, sempre que passo os ouvidos pela “Narsa”, a segunda faixa do seu EP homónimo.

Influenciados pelos anos dourados do rock, os Raiva Rosa, cortam e insistem em não coser o rock português. Numa mistura de várias sonoridades, a união destes quatro indivíduos não faz questão de esconder o amor evidente pelo blues e pelo soul.

Olá! Quem são os Raiva Rosa e o que os juntou?
São uma banda de Bragança que se juntou por copos e música e que assim continua. A ligação manteve-se na mesma proporção que o gosto pela criação de música.

Vocês têm um EP lançado… para quando um álbum e grande produção em estúdio? Está para breve?
Por nós seria já amanhã, no entanto, as condições atuais não nos permitem tal possibilidade. Assim que a vida “normal” recomeçar cá estaremos prontos para relançar os planos da banda e avançar com concertos e gravações em estúdio. Até lá continuamos a criar música.

A aposta no português foi algo que vos caiu muito bem. Porquê o português?
Por ser a nossa língua, por ser a nossa identidade. Por influência de bandas como Ornatos Violeta, Xutos e Pontapés, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, entre outros. Já há tanta gente pelo mundo a criar em inglês, não faria sentido sermos mais uns. Enquanto portugueses é nossa responsabilidade prosseguir e proteger o trabalho de incontáveis gerações que lutaram para que hoje pudéssemos falar esta língua. Para além disso há uma essência na língua portuguesa que a torna perfeita para poesia e expressar os nossos pensamentos e sentimentos mais profundos. Não poderia ser de outra forma.

Se tivessem de sugerir uma das vossas músicas para vos definir, qual é que seria?
Cada música representa um determinado momento das nossas vidas, cristalizada num formato musical. É difícil definir uma como sendo a nossa reflexão. Temos amor por cada música que criámos mas a vida avança e nós crescemos e mudamos e como tal temos que saber libertarmo-nos dessas músicas para podermos criar novas. Diríamos antes que não é uma música que nos define, mas sim o amor pela própria música, pelo momento de criação e liberdade total.

Vocês têm uma lista de bandas com quem gostavam de partilhar palco? Conseguem nomear uma portuguesa e uma internacional?
Uma banda portuguesa seria sem qualquer dúvida Ornatos Violeta por serem uma grande influência para nós. Uma banda estrangeira poderia ser Arctic Monkeys pela sua sonoridade e influência lírica.

Como é que foram estes 1000 dias de confinamento? Deu para vocês trabalharem ainda mais ou pelo contrário sentem que a criatividade desvaneceu?
O confinamento foi obviamente duro para toda a gente, mas condicionalismos para não fazermos nada (a procrastinação) estão sempre presentes no dia a dia, com ou sem pandemia. A nossa filosofia sempre foi e sempre será não deixar que fatores externos nos limitem e fazer o máximo possível. O mundo é difícil, este país tem os seus problemas e o meio artístico em Portugal é muito difícil também. Se permitirmos que estas questões nos dominem então mais valia não fazer nada. A nossa postura é exatamente contrária: quando as coisas estão más é quando devemos ser ainda mais fortes e fazer as coisas com ainda mais alma, coração e garra. Por isso respondendo à questão: jamais baixaremos os braços, continuaremos a trabalhar e a criar.

Escolham um álbum, uma música e um livro para a comunidade que nos segue…
Questão difícil. Há tanta coisa. Qualquer álbum de Ornatos Violeta e trabalhos independentes dos seus elementos. Se preferirem estrangeiras, poderia ser “Dark Side of The Moon” dos Pink Floyd. Uma música poderia ser: “A Vida dos Outros” (de Pluto) ou então “Filhos da Madrugada” de Zeca Afonso e tudo o que há no meio destes dois pontos. Livro pode ser “O Alquimista” de Paulo Coelho, ou se quiserem queimar a pestana leiam “O Anticristo” de Nietzche.

Bem sabemos que os tempos que vivemos são menos bons, mas ainda assim: que mensagem gostariam de deixar a todos os profissionais e entusiastas da cultura que nos seguem?
Não desistam. Não parem porque parar é morrer (como diz o ditado). Os tempos sempre foram difíceis e desde que nascemos que este país esteve em crise. Não há povo tão preparado para isto como o nosso porque a história deste povo é uma história de sofrimento, perseverança e vitória desde a sua fundação. Se assim não fosse, hoje não éramos sequer Portugal. E como a História é sempre um poço de lições de vida, lembrem-se que a Era Dourada deste país (Os Descobrimentos) teve origem também uma época muito difícil como esta. Mais uma vez repetimos, o facto de as coisas estarem difíceis não são motivo para desistir. São motivo para lutarmos com ainda mais força, cabeça erguida porque depois da tempestade vem a bonança.

E para finalizar…que amor é este?
Este é o amor por música, é o amor por Portugal, pelas pessoas, pela Humanidade, pela vida, por tudo aquilo que existe e por cada momento que nos é dado para aprender, amar e apreciar. A vida actual é muito difícil mas a solução está em procurar o bem e o amor em cada pequeno recanto por onde as nossas vidas passam.

Os Raiva Rosa vão tocar nas Hard Rock Cafe Porto Streaming Sessions, no próximo dia 7 de Março de 2021, às 18h e podes, ainda, segui-los no Youtube, Facebook, Instagram e Spotify.

Entrevista por Teresa Montez
Fotografia retirada da página: @d_esign_i_photo_z

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